A coleção de arte contemporânea Figueiredo Ribeiro tem a sua primeira apresentação pública no QUARTEL, em Abrantes. Este equipamento, um antigo quartel de bombeiros, foi recuperado e adequado à prática expositiva, e será no futuro o centro de arte que vai acolher o acervo desta coleção. O depósito da coleção vai proporcionar a partilha desta com o público através de um programa de exposições que terá como ponto de partida as obras dos artistas colecionados. Este é um fator essencial para conhecer a produção artística contemporânea, que o colecionador selecionou no decorrer de mais de uma década, num processo em que a afinidade, o gosto, o interesse e a ligação ao meio artístico e cultural foram construindo linhas de pensamento e estruturando núcleos de obras de artistas de várias gerações e em diferentes níveis de legitimação e reconhecimento, que se vieram a confirmar até à atualidade.
Colecionar é ter um olhar atento ao mundo que nos rodeia e às suas diversas transições e transformações. Colecionar a arte do nosso tempo é, neste caso, um projeto individual que se encontra com o coletivo através da sua exposição e da sua continuidade, constituindo desta forma um novo motor para a atividade cultural. Por outro lado, a coleção encontra-se em pleno desenvolvimento no que respeita à sua estratégia para as aquisições, um fator determinante para o património da cidade, mas também para enriquecer a descentralização cultural que tem crescido em Portugal nas últimas décadas. Esta dinâmica permite também enquadrar uma ação mais ampla e mais concertada com os projetos educativos das escolas e outras instituições de ensino que desenvolvem o seu trabalho nesta área do país, contributo essencial para o desenvolvimento cultural e social, bem como para a formação de diferentes públicos que podem a partir de agora contatar com uma coleção de arte contemporânea em permanente renovação.

Este é o ponto de partida para a constituição de um novo projeto museológico de arte contemporânea em Portugal. Outros momentos expositivos irão revelar outros artistas, outras escolhas e outras reflexões. No decorrer da exposição será publicado um catálogo, que regista uma memória do espaço expositivo com a coleção.

João Silvério
Curador