Abrantes (São Vicente e São João) e Alferrarede
Em 2013 Abrantes (S. Vicente) e Abrantes (S. João) foram agregadas à freguesia de Alferrarede, no âmbito da reforma administrativa nacional implementada nesse ano. Denomina-se, agora, União de Freguesias de Abrantes (São Vicente e São João) e Alferrarede. Tem 24,06 km2 de área e 17205 habitantes, de acordo com os últimos Censos realizados em 2011. Um aspeto curioso de Alferrarede prende-se com o seu nome. Apesar de nunca terem sido encontrados vestígios da existência de ferro nesta localidade, supõe-se que o nome “alferrarede” derive da palavra em latim “gypseptum”, que significa gessal ou mina de ferro, ou do termo ferratum (mina de ferro ou ferraria).
Ao entrar em Alferrarede pode observar a Fonte de S. José e um pouco mais adiante a Fonte Quente. Diz o povo que este fontanário tem água fresca no Verão e quente no Inverno. Continuando o passeio encontramos na freguesia várias casas senhoriais, com especial destaque para o Palácio Marquesa do Faial e o seu Castelo. Conhecido, também, como Casa da Quinta do Bom Sucesso ou Casa da Quinta da Família Almeida ou Casa da Quinta da Família Almeida-Barberino, esta edificação está classificada como Património Nacional. Visite, ainda, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário (padroeira de Alferrarede), construída em 1954, e a Igreja do Imaculado Coração de Maria, que remonta a 1957 – dois patrimónios religiosos da freguesia que não pode deixar de contemplar. | Dia 15 de Agosto ocorrem as Festas em honra de Nossa Senhora do Imaculado Coração de Maria. Aproveite esta oportunidade para provar a gastronomia da região, o achigã grelhado com miga de couve e pão de milho, as favas aporcalhadas, as tigeladas e as broas de mel.
Ainda nesta freguesia, que agora une os territórios de São Vicente, São João e Alferrarede, há uma paragem obrigatória que deve fazer: às Ruínas do Convento de Santo António (na Quinta da Arca), fundado em cerca de 1526. Para além das ruínas do Convento, subsiste, também, um aqueduto com 17 arcos em volta perfeita. O Convento de Santo António de Abrantes, localizado em São Vicente, foi construído seguindo-se as instruções de Filipe I. No final do século XVI e início do século XVII Filipe I ordenou a transferência do convento original da Ribeira da Abrançalha para o concelho, com a cooperação do Conde de Abrantes, D. Lopo de Almeida. O convento faz agora parte da Quinta da Arca.
De entre o património desta freguesia merecem atenção o Pórtico da Igreja do Convento da Esperança e o pátio das três cisternas, a Igreja de São Vicente, a Ermida de Santa Ana, a Ermida de São Lourenço, a Igreja de São João Batista ou Adro de São João, o Palacete Soares Mendes, a Fortaleza de Abrantes e a Igreja de Santa Maria do Castelo ou Museu D. Lopo de Almeida, outra das designações pelo qual é conhecido este Monumento Nacional. Trata-se de um templo quatrocentista, de caráter paroquial, mas erguido em contexto palaciano, dada a construção do Paço dos Condes de Abrantes ter sido realizada ali, a poucos metros da igreja. | Ao olharmos para a fachada principal é visível a simplicidade do projeto, confirmando-se essa tendência quando entramos no interior e observamos a nave retangular e a capela-mor quadrangular, mais pequena e mais baixa. No século XVI transformou-se no Panteão dos Almeidas por albergar um conjunto de túmulos góticos deslumbrantes pertencentes a esta família, que se destacam pelos azulejos sevilhanos de corda-seca (já são raríssimos os que restam no país). Em 1921 foi criado, no corpo da igreja, o Museu D. Lopo de Almeida, detentor de um importante acervo artístico, patrimonial e histórico, que vai desde pinturas, esculturas, a peças arqueológicas, paramentaria e talha dourada, para além de túmulos do século XV e XVI.
De entre o património não deixe de visitar a Ponte Romana de Alferrarede (Entre Ribeiras), também conhecida por Olho de Boi ou Ponte dos Mouros. Está classificada como Imóvel de Interesse Público (IIP). Tem cerca de oito metros e meio de largura e apresenta uma muralha dupla de espessura notável, consolidada por contrafortes maciços, com enchimento de aterro intermédio e assente em afloramentos rochosos. A jusante, protegido pelo paramento, podemos contemplar um moinho. Esta ponte represa, localizada sobre o curso da ribeira de Alferrarede, em terrenos agrícolas que pertencem à Quinta do Bom Sucesso, tem vindo a despertar o interesse dos especialistas da área devido à sua complexidade. Foi, desde logo, afastada a hipótese de ter sido construída pelos árabes. Supõe-se que seja de origem romana, apesar de, segundo apontam alguns investigadores, a estrutura do arco contrariar essa teoria. |